Certas áreas do cérebro, responsáveis pela linguagem, se desenvolvem mais ou menos de acordo com o ambiente e realidade em que o indivíduo vive. Um bom exemplo são as crianças que crescem em famílias bilíngues, tendo contato com dois idiomas desde que nasceram.
Uma reportagem da BBC News mostrou, em uma entrevista com um neurocientista, que os cérebros dos monolíngues e dos bilíngues são ligeiramente diferentes fisicamente. Essa mudança física se deve ao uso repetitivo das “ferramentas” que utilizam para entender e interpretar o ambiente, como memória, atenção e emoção.
Não, isso não significa que um é melhor que o outro, já que ambos possuem a mesma capacidade de exercer tarefas rotineiras, por exemplo. A diferença é que um exercita essa área cerebral mais que o outro, gerando diferenças. Por exemplo, se a pessoa está falando inglês num determinado momento, o português ainda continua ativo no cérebro de quem está conversando.
Podemos pontuar algumas diferenças, como:
- Memória: a capacidade de memória operacional do bilíngue é maior, ou seja, lembram de mais informações recém recebidas com maior facilidade.
- Flexibilidade cognitiva: bilíngues possuem maior facilidade em enxergar a vida por diferentes ângulos e até de serem mais empáticos.
- Reserva cognitiva: o cérebro do indivíduo bilíngue pode envelhecer melhor que o monolíngue, além de ter menos chances de desenvolver doenças neurodegenerativas, com sintomas mais brandos, por exemplo. A matéria branca do órgão dele também realiza conexões neurais e se comunica de forma mais eficiente.
Além disso, também possuem mais facilidade em se concentrar, se distraindo menos com os arredores.
Muitas famílias ficam inseguras em oferecer uma educação bilíngue, acreditando que poderiam confundir as crianças. Isso já se provou um mito. Desde a década de 1960, em estudos realizados no Canadá, as impressões sobre esse tema começaram a mudar. Um deles foi feito por Elizabeth Peal e Wallace Lamberte, da Universidade de Montreal.
Eles demonstraram que o bilinguismo traz benefícios para os pequenos, que passam a entender o idioma como uma unidade abstrata. É notável que o aprendizado de mais uma língua só traz benefícios, apesar dos mitos em torno, principalmente quando o ensino começa já logo na infância.